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- 17 de Junho, 2019 às 14:59
“O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração”
(O Principezinho, Antoine de Saint Exupery)Ao longo dos últimos dias tenho vindo a participar em eventos nos quais se debate a importância da criação de vínculos com as crianças para que se possam criar aprendizagens.
Vou partilhar aqui aquilo que considero mais relevante tendo em conta tudo o que ouvi e as minhas reflexões acerca disso.
Na apresentação de resultados do Projeto Quality Matters, na Universidade do Porto, mostraram o valor que tem a qualidade das interações que criamos com as crianças de forma a criarmos pilares de apoio emocional e comportamental, assim como na aquisição das aprendizagens.
Este estudo foi desenvolvido em Creche em vários países, incluindo Portugal, e foi interessante refletir sobre os momentos mais significativos de aprendizagem.
Concluiu-se que, na maioria das vezes, a aprendizagem significativa não está associada a atividades dirigidas e orientadas pela educadora, mas sim nos momentos em que criança tem possibilidade de manipular os materiais, explorar e realizar jogos livres, sendo de salientar que os valores mais positivos dos resultados do estudo são quando o grupo de crianças a participar é reduzido e o educador serve como facilitador para o envolvimento na atividade.
A análise dos dados que foi criada esteve também focada na qualidade das interações nos diferentes momentos do dia, nomeadamente durante o Acolhimento (quando se recebe a criança na sala e no momento da sua entrega aos pais), nos momentos de atividades, nos momentos de jogo livre e ainda durante os momentos de rotinas e cuidados pessoais (refeição e higiene). Após apresentarem os resultados, refletimos a importância que tem o educador em todos estes momentos e como são aproveitados para criar oportunidades de interação de qualidade, já que cada um desses momentos é significativo e importante para diversas e fundamentais aprendizagens.
Um assunto muito pertinente que foi levantado quase no final da apresentação foi a importância do observar, da nossa capacidade de nos afastarmos e percebermos o que a criança está a fazer, o que pode estar a pensar e as estratégias que usa para resolver os desafios que lhe surgem.
Estes momentos de observação e análise são tão importantes na nossa prática! Para mim, são oportunidades preciosas para que eu possa conhecer cada criança e criar estímulos nela e para ela, a fim de poder conhecê-la e criar possibilidades e meios de aprendizagem.
É também através da observação que conseguimos perceber os estados emocionais em que a criança pode estar e dar o apoio necessário e adequado a cada expressão da emoção
Queria partilhar também algumas experiências que têm sido feitas na educação, um pouco entre Portugal e o Brasil, muito impulsionadas pelo Prof. José Pacheco. Tive a oportunidade de participar na Oficina de Educação de ICCA2019, no Porto e saí de lá com o reforço da nossa necessidade de continuarmos a criar novas formas de trabalhar e ver a educação.
Partilharam lá vários projetos de sucesso, bem diferentes da nossa forma tradicional de praticar a educação enquanto educadores e professores. Todos chegamos à conclusão de que é urgente promover mudanças significativas na educação. Alguns desses projetos estão a ser desenvolvidos cá em Portugal, nomeadamente na Escola da Ponte, a Comunidade de aprendizagem Enraizar em Mafra, o projeto Novas Rotas nos Açores, entre outros. Existem também alguns projetos no Brasil, nomeadamente o projeto Ancora, Gaia Escola, com acesso a muita informação sobre o trabalho desenvolvido podem procurar o site da Ecohabitare.
Todos estes projetos valorizam a comunidade no processo de educação, pois, como disse o professor José Pacheco “a criança não começa o processo de aprendizagem quando chega à escola e não o termina quando sai da escola”, a aprendizagem está sempre ativa e muitas vezes é bom criar a possibilidade de quebrar paredes e saltar muros para educar de uma forma mais completa e real.
Após estas experiências e oportunidade de me relacionar com outras ideias, métodos e pensamentos educacionais e também pelo que tenho vindo a refletir, chego à conclusão de que não existem modelos perfeitos para serem copiados, mas sim o valor de conhecermos o que os outros fazem para que possamos melhorar a nossa prática.
“Comunidade de aprendizagem é uma construção social formada por pessoas que habitam o mesmo território, físico ou virtual, que partilham valores, uma mesma visão de sociedade, partilham e produzem conhecimento, operando transformação social melhorando a qualidade de vida comum através de projetos locais de desenvolvimento sustentável.” Prof. José Pacheco.
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